Veja aqui quais os minicursos e oficinas que estão sendo oferecidos, além dos dias e horários em que estes ocorrerão.
Quarta feira - 05/12 - 07:30 às 11:30 hs
REALISMO E ANTIRREALISMO NA CIÊNCIA
O debate realismo/antirrealismo é um dos temas mais polêmicos em filosofia da ciência, discutido desde a revolução copernicana e retomado com bastante vigor desde a metade do século XX. Por essa razão o debate se beneficiou com os estudos em historiografia da ciência, filosofia da linguagem e metafísica analítica, áreas bem característicos deste século, tornando-se, portanto, um tema alvo de múltiplos interesses. Essa característica, aliada à relação entre o tema e uma área tão prezada como a ciência, justifica sua escolha como alvo do mini curso.
Assim, o minicurso tem como objetivo expor e explorar o debate entre o realismo e o antirrealismo em filosofia da ciência. Nesse sentido, expõe e explica os principais argumentos a favor da ideia realista de que a ciência tem como objetivo uma descrição verdadeira do mundo como ele realmente é, e contrapõe a ela a ideia antirrealista de que o objetivo da ciência independe da correspondência entre teoria e realidade. Para isso se vale da contribuição dos principais proponentes de ambos os lados do debate, filósofos como Thomas Kuhn, Richard Boyd, Hilary Putnam, Bas Van Fraassen, Ian Hacking, entre outros.
ONTOLOGIA, TÉCNICA E ARTE: POR QUÊ HEIDEGGER DÁ TANTO VALOR AOS UTENSÍLIOS?
O presente minicurso pretende trabalhar aspectos da filosofia heideggeriana para propor em nosso século uma visualização e reanalização do pensamento de Heidegger para talvez revolucionar um antigo paradigma sobre as questões que “germinam” na tecnologia e na arte. Como a técnica está consideravelmente ligada a produção e levando em conta que a própria técnica é uma forma de descobrimento e encobrimento do ser torna-se possível continuar a investigação da história ontológica e da interpretação desprendida, em função da realidade e da nossa pretensão do objeto da análise (a técnica) com seu co-pertencimento (a arte). Esta experiência é uma exposição conceitual que, desde então, se torna cada vez mais preponderante sobre a origem das coisas, dos próprios utensílios e das obras de arte. É relevante assim pensar que existe uma certa medida do passado que estabelece uma problemática filosófica na contemporaneidade, e que assim constituirá o encontro do processo de viver em contraposição a um mundo já existente.
OFICINA: FILOSOFIA COM CRIANÇAS
A oficina tem como objetivo a realização de uma aula de filosofia com crianças baseada no programa de filosofia para crianças de Matthew Lipman e a reflexão sobre a experiência realizada, com ênfase nos aspectos dos conteúdos e metodologia utilizada. Este exercício visa apresentar a filosofia com crianças através de uma vivência.
Quinta feira - 06/12 - 07:30 às 11:30 hs
OFICINA: OFICINAS DE IDEIAS FILOSÓFICAS NUMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR: RECONHECENDO A IMPORTÂNCIA DA DIVERSIDADE TEXTUAL NA SALA DE AULA DO ENSINO MÉDIO
A discussão sobre como integrar uma diversidade de textos na aula de filosofia está presente nos debates contemporâneos, o número exuberante de informações e experiências vivenciadas pelo aluno exige que o mesmo seja capaz de pensar criticamente e agir sobre a realidade. No processo atual da educação a aplicação de um estudo interdisciplinar facilita o enfrentamento da crise do conhecimento. Dessa forma, se argumenta a necessidade de uma reflexão sobre a totalidade, conduzindo à humanidade numa atitude interdisciplinar capaz de provocar mudanças na relação do homem consigo, com o outro e com o meio. A partir dessa contextualização o minicurso apresentado terá como objetivo geral refletir sobre a docência no ensino médio, analisando o papel da educação na construção dos conhecimentos, tendo em vista considerar a qualidade da práxis educacional, construindo saberes que permitam estabelecer relações mútuas e as influências recíprocas entre as partes e o todo num mundo complexo, reconhecendo o homem nos aspectos multidimensionais. Sendo assim, segue como objetivos específicos refletir sobre a função dos textos diversificados na sala de aula, compreendendo a formação cidadã como produto indispensável nas relações humanas; discutir e elucidar considerações gerais relacionadas aos projetos interdisciplinares. Como também compreender a ação interdisciplinar no processo de ensino aprendizagem. Constata assim, a importância de uma reflexão sobre a educação de qualidade, contemplando a interdisciplinaridade e a transversalidade dos conhecimentos, considerando a diversidade das personalidades, da autonomia, visto a necessidade de compreender o educando de forma global, reconhecendo seu papel no processo de ação-reflexão-ação capaz de atuar como agente transformador de sua história e da sociedade em que vive.
Palavras-chave: Interdisciplinaridade, Docência, Ensino Médio, Filosofia
FILOSOFIA NA INFÂNCIA: A PROPOSTA DE MATTHEW LIPMAN
Colaboração: MARIANA FRUTUOSO ARAÚJO e SARAH REGINA DE MEDEIROS DIAS
Partindo da concepção de que as crianças tem competência para pensar logicamente, desde que lhes sejam oportunizadas mediações adequadas, Matthew Lipman, filósofo norte americano, vem desde a década de 60 buscando esclarecer sobre a proposta de filosofia na infância. O Curso de Filosofia de Caicó vem desenvolvendo estudos sobre a referida temática através das atividades do projeto de pesquisa Filosofia na Infância: perspectivas para o debate. Nesse sentido, o presente mini curso tem por objetivo apresentar os estudos teóricos sobre as ideias de filosofia na infância elaboradas por Lipman, os fundamentos constitutivos dessa teoria e algumas experiências em desenvolvimento no Brasil em decorrência dessas ideias. Para essa finalidade tomaremos como fundamentos teóricos, principalmente, as seguintes obras: A Filosofia vai à escola (LIPMAN, 1990) e A Filosofia na sala de aula (LIPMAN; SHARP; OSCANYAN, 2001).
Sexta feira - 07/12 - 07:30 às 11:30 hs
INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO DE MICHEL FOUCAULT.
O presente minicurso tem como objetivo introduzir os seus participantes no pensamento do filósofo Michel Foucault, discutindo suas idéias e obras centrais. Este pensador francês pode ser inserido – não classificado ou enquadrado - numa tradição crítica de uma filosofia analítica da política. O conjunto de suas pesquisas representa uma ruptura com a tradição da filosofia política, inclusive com a dos anos 70 do século XX, que traz os traços da juridicização da filosofia política, com John Rawls e Jurgen Harbermas, por exemplo. A importância do seu pensamento pode ser vislumbrada pela radicalidade de seus trabalhos que se apresentam como uma alternativa teórico-política frente às concepções de poder dominantes no pensamento político contemporâneo. Foucault advoga uma filosofia que tem como tarefa analisar o que se passa no cotidiano das relações de poder. Ao invés de analisar o grande Leviatã (O Estado) com os súditos (cidadãos), trata-se de estudar os jogos de poder muito mais limitados, mais discretos, mais humildes e que não tem status de nobreza, de legitimidade como as grandes questões com as quais a filosofia costuma se ocupar. Trata-se dos jogos de poder em torno de questões concretas e cotidianas como a loucura, a doença, a penalidade, a prisão e a sexualidade. O que está em questão aqui é o status da razão e da desrazão, do crime e da lei, da vida e da morte, ou seja, de uma gama de questões que dizem respeito à trama da vida concreta dos indivíduos.
A RETÓRICA DAS PAIXÕES EM ARISTÓTELES
Aristóteles concebia que o homem, como os demais animais, é constituído de matéria e forma, as quais, no caso humano, são denominadas corpo e alma. O homem diferencia-se dos demais seres vivos e não vivos porque sua alma é racional, característica que não se encontra na alma dos animais nem das plantas. Para Aristóteles, a alma do homem é uma só, entretanto, exerce três funções, a saber: vegetativa, que é responsável pela nutrição e pela conservação do corpo e da espécie, sensitiva, a qual se dá pelo conhecimento e pelo apetite, e intelectiva, que é exercida pela abstração, pelo juízo e pela argumentação. Interessa-nos, nesse momento, a função sensitiva, pois esta se vale dos cinco sentidos – audição, visão, olfato, tato e paladar – para experimentar a realidade externa. A experiência com essa realidade provoca reações que levam às emoções. Assim, Aristóteles dá o nome de “paixões”. De acordo com o estagirita tudo o que, acompanhando de dor e de prazer, provoca mudança no espírito e afirma que as paixões são um teclado em que o bom orador toca para convencer. O homem cuja vontade lhe permite dominar suas paixões e escolher agir bem é considerado, pois, virtuoso ou bom. Enquanto aquele que se deixa levar por esses “impulsos” internos é vicioso (kakós) ou moralmente mal.
Palavras-chave: retórica, paixões, Aristóteles.
Objetivo geral: esboçar uma compreensão sobre a retórica das paixões em Aristóteles.
Objetivos específicos:
Apresentar o contexto histórico de Aristóteles, evidenciando as profundas mudanças impostas ao mundo grego;
Evidenciar o conceito de retórica e paixões em Aristóteles;
Buscar, a partir das eventuais discussões, traçar, se possível, novas perspectivas referentes á leitura e interpretação do pensamento de Aristóteles.
Bibliografia sugerida
ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. trad: Mário Gama Kury. 4ªed. Brasília: UNB, 2001.
__________. Retórica das paixões. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
__________. Rétórica. Trad. Antonio Pinto de Carvalho. São Paulo: Difusão
Européia do Livro, 1964.
REBOUL, O. Introdução à Retórica. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes.
VERGNIÈRES, Solange. Ética e política em Aristóteles: physis, ethos, nomos. São Paulo: Paulus, 1999.
O DE DOCTA IGNORANTIA DE NICOLAU DE CUSA E OS TEMAS FUNDAMENTAIS DA SUA METAFÍSICA
A palestra, “O De docta ignorantia de Nicolau de Cusa e os temas fundamentais da sua metafísica”, busca determinar, por meio da leitura da primeira grande obra do Cardeal alemão os temas centrais da sua especulação metafísica. O De docta ignorantia foi concluído em Cusa, Alemanha, em 1440 e é apresentado pelo próprio Nicolau de Cusa (1401-1464) como contento suas “ideias bárbaras e frívolas” e como “certo modo de raciocinar sobre as coisas divinas”. Nicolau admite certa “novidade” no título, mas também reconhece que ali não se encontrará algo de “desconhecido antes” e o que chamará a atenção do Cardeal Cesarini, a quem a obra é enviada, é a audácia com que Nicolau trata a douta ignorância (A douta ignorância. L. I, n. 1, p. 1-2). Nicolau afirma no segundo capítulo do primeiro livro (A douta ignorância. L. I, cap. II, n. 5, p. 5) da sua obra que “querendo tratar do saber máximo da ignorância, [...]” será necessário compreender “[...] natureza da própria maximidade”. Portanto, segundo ele o máximo será objeto de investigação nos três livros do De docta ignorantia. No primeiro livro, portanto, Nicolau afirma que investigará “de modo incompreensível, para lá da razão humana” o “[...] máximo, que na fé de todos os povos se crê, sem dúvida, ser Deus” (A douta ignorância. L. I, cap. II, n. 5, p. 5). No segundo livro, por sua vez, Nicolau investigará o máximo contraído ou universo cuja unidade está “contraída na pluralidade” (A douta ignorância. L. I, cap. II, n. 6, p. 6). No terceiro livro, por sua vez, Nicolau considera que existe um terceiro modo de tratar o máximo. Para ele, essa terceira maneira, seria considerar o máximo que é ao mesmo tempo absoluto e contraído: Jesus Cristo (A douta ignorância. L. I, cap. II, n. 7, p. 6). O que se pretende, portanto, é acompanhar a especulação cusana no De docta ignorantia e determinar a compreensão de Nicolau de Cusa sobre o divino (primeiro livro), o universo ou mundo (segundo livro) e a sua antropologia (terceiro livro).
ÉTICA E NATUREZA EM LUCRÉCIO.
Ementa - Física epicurista: movimento dos corpos elementares. A declinação (clinamen). As imagens no atomismo de Lucrécio. Sobre o sensível. A natureza corpórea da alma e do espírito. As doenças anímicas. O mecanismos dos simulacros. A pluralidade dos mundos. Ética: prazer e vontade. (voluptas e voluntas). Liberdade e contingência.
Justificativa – Para Lucrécio, pensador latino do séc. I. a.C., o temor da morte imputado pela superstição e pela religião, alimenta o amor à riqueza, a ambição do poder e os atos insensatos, cujas conseqüências se refletem nas doenças da alma. O desconhecimento da natureza do mundo e da alma, é um obstáculo à liberdade e à vida feliz, prazeirosa e equilibrada, finalidade última do ethos epicurista. Nesse sentido, o estudo das questões fundamentais que norteiam o pensamento deste filósofo romano, reveste-se de singular importância para uma melhor compreensão da ética e da metafísica antiga.
Objetivo - Exposição introdutória da doutrina da natureza do mundo e da alma em Lucrécio, apresentando uma reflexão sobre os temores infundados e o medo da morte, como uma maneira de perceber o movimento da própria vida, e de que modo o homem sábio e ético, enfrenta o temor da finitude.